Noves fora a frase de efeito da presidente Dilma, sobre o Lula não precisar voltar, porque nunca saiu, permanece a mesma dúvida no PT e adjacências: caso a popularidade da sucessora não se recupere e até continue em queda livre, terá o antecessor condições de negar-se a disputar o palácio do Planalto em 2014?
A resposta preliminar é óbvia. Se Dilma não puder sustentar sua candidatura, a única forma de preservação do poder pelos companheiros e aliados será a apresentação do Lula.
Não há prazo imediato para a definição. Neste ano, pelo menos, nada ficará claro. Lá para março do ano que vem, no entanto, situa-se a encruzilhada.
Mesmo se os concorrentes continuarem amorfos, insossos e inodoros, como estão, será preciso uma decisão, amarga para os dois lados.
Porque nem o ex-presidente sentir-se-á confortável atropelando a atual, nem ela encontrará forças para justificar o afastamento.
Por enquanto vale a partitura, apesar de a orquestra desafinar. Dilma é a candidata, comporta-se como tal e mais buscará recuperar o prestígio que as recentes pesquisas levaram.
Pode reverter os números e assegurar o segundo mandato. Tudo depende dela, ou de seu governo. Um esforço extra precisará desenvolver-se nos diversos setores de atuação de sua equipe.
Há ministros visivelmente travados, daqueles que não conseguem dizer a que vieram, a não ser para satisfazer os respectivos partidos, abrindo-lhes oportunidades nem sempre muito éticas de participação na máquina pública.
Mas também existem ministros competentes, que apenas necessitam de estímulo e de condições para fazer o que não fizeram até agora.
NÃO HÁ VICE-PAPA
Francisco sorriu ao deparar-se com o vice-presidente Michel Temer na festa da despedida. Até gostou das palavras do substituto, no hangar do aeroporto do Galeão.
Apertou suas mãos, agradeceu e comportou-se como todo jesuíta que, mesmo contrariado, procura tirar o melhor proveito possível da contrariedade.
Mas que foi uma baixaria, isso foi, a decisão de Dilma Rousseff de não comparecer.
Com todo o respeito ao vice-presidente, cumpridor de suas obrigações, fica no ar o comentário que o Papa não fez, mas poderia ter feito: “no Vaticano, não temos a figura do vice-Papa…”
PARA REVOLUCIONÁRIOS E HUMILDES
De tantos pronunciamentos excepcionais da lavra do Papa, destacamos dois igualmente explosivos: os jovens devem ser revolucionários e os bispos, humildes.
De que forma aqueles poderão exprimir sua revolução a não ser protestando nas ruas? E estes, senão abandonando a pompa, os luxos, a arrogância e o distanciamento das respectivas comunidades?
COMPREM GUARDA-CHUVAS, A TEMPESTADE VEM AÍ
Esta semana talvez não, porque os trabalhos parlamentares reabrem no dia em que Suas Excelências costumam ir embora, ou seja, quinta-feira.
Na próxima, porém, são esperadas múltiplas escaramuças: dos presidentes da Câmara e do Senado contra a presidente da República.
Do PT contra o PMDB, e vice-versa. Dos companheiros contra a companheira. Dos pequenos partidos da base oficial contra o palácio do Planalto.
Sobra o Judiciário, na hipótese de o presidente Joaquim Barbosa der solução cirúrgica e imediata aos embargos dos mensaleiros, sinalizando o rumo da cadeia para os réus condenados.
30 de julho de 2013
[…] SE LULA NUNCA SAIU, PORQUE DILMA ENTROU ? […]