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As tarifas de ônibus subiram mais que os custos de carros e motos entre 2000 e 2012, tornando o transporte privado relativamente mais barato, mostra estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado ontem.
Nos últimos 13 anos, os preços cobrados dos usuários de ônibus ficaram em média 192% mais caros, uma alta que supera a inflação geral do país no período, de 125%, medida pelo IPCA.
Já o custo do transporte privado, que inclui os gastos com a compra de carros e motos, manutenção e tarifas de trânsito, subiu bem menos, 44%, abaixo da inflação.
Para o pesquisador do Ipea Carlos Henrique de Carvalho, o barateamento do transporte privado em relação ao público é a principal causa da redução do número de usuários de ônibus, que caiu de 20% a 25% no Brasil desde o final dos anos 90.
Segundo ele, esse é um dos fatores que leva ao encarecimento do ônibus, pois significa que menos gente tem que pagar pelo mesmo serviço. “Não é à toa que as coisas chegaram a esse ponto de insatisfação popular”, disse.
Carvalho afirma que não é possível melhorar a qualidade do serviço e reduzir a tarifa sem criar outras formas de receita. Ele defende mais taxação do uso de carros para financiar o serviço de ônibus.
Segundo Carvalho, o aumento da frota de veículos nas ruas encarece o transporte público, ao aumentar o congestionamento, exigindo que as empresas tenham mais ônibus rodando para cumprir os horários. Em São Paulo, calcula, 25% do custo do ônibus deve-se a isso.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, voltou a defender ontem a volta da cobrança do tributo Cide sobre a gasolina e a destinação desses recursos para o subsídio das passagens de ônibus municipais.
“Fiz a proposta à Fazenda e estou aguardando uma avaliação”, afirmou à Folha. “O estudo do Ipea corrobora minha proposta. Existe um desequilíbrio entre o preço da gasolina e do ônibus no país”.