GAZETA DO POVO/EUCLIDES LUCAS
O tucano Beto Richa foi eleito governador do Paraná prometendo iniciar um novo ciclo político no estado, balizado por um “choque de gestão” desde o primeiro dia à frente do Palácio Iguaçu.
A meta era reduzir as despesas do custeio da máquina administrativa e “fazer mais e melhor gastando menos”.
Passados mais de dez meses de gestão, porém, a austeridade prometida ficou apenas no discurso.
E, em vez de se distanciar das práticas do antecessor, Roberto Requião (PMDB), lançou mão de muitas delas.
A opinião é de especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo.
Na semana que passou, Richa conseguiu aprovar na Assembleia o aumento nas taxas do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), sob o argumento de que o dinheiro será investido na segurança.
Requião havia proposto, sem sucesso, o reajuste de até 250% nas tarifas do Detran.
Mas as semelhanças entre os dois vêm desde o início da gestão Richa. Logo na composição do secretariado, o tucano nomeou o deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), ex-líder do governo Requião na Assembleia, como secretário do Trabalho.
Mais recentemente, contrariando o discurso de enxugamento da máquina, criou 295 cargos em comissão – de indicação política, sem concurso público – e ainda aumentou entre 63% e 128% o salário dos cerca de 4 mil comissionados do governo estadual.
Poucas ações
Para o cientista político Luiz Domingos Costa, do Grupo Uninter, o “choque de gestão” prometido em várias campanhas eleitorais pelo país não deveria ser – mas é – visto apenas como um discurso que atrai votos.
“As promessas de campanha são o principal compromisso informal que o candidato estabelece com o eleitor. Se não colocá-las em prática, ele está rompendo unilateralmente o contrato que foi feito”, afirma.
“É claro que é um pouco cedo para analisar com mais profundidade o governo Richa. Mas, do ponto de vista do que ele prometeu, ainda não entregou nada.”
Costa avalia que, assim como no período em que Richa esteve à frente da prefeitura de Curitiba (2005-2010), o agora governador mantém os costumes políticos e o modelo de administração que marcam o Executivo estadual há décadas.
“Vejo ele com mais capacidade política do que de gestão. No ritmo atual da administração, não enxergo mudanças significativas no horizonte.”
O cientista político ainda vê uma armadilha no chamado “choque de gestão”, na medida em que a preocupação nesses casos é mais técnica e gerencial do que propriamente em proporcionar benefícios imediatos à população.
“Mudar números em planilhas é simples, mas isso é muito magro e esvaziado do ponto de vista de resultados para o eleitor. Apenas números não mudam a vida das pessoas.”
Já o cientista político Mário Sérgio Lepre, da PUCPR, vê como principal falha de Richa a aceitação de que a política paranaense é historicamente fisiológica e que, devido a isso, tudo pode ser resolvido na base da troca.
“As amarras políticas no governo do estado são muito mais complicadas do que na prefeitura. É muito mais difícil lidar com a exigência de trocas políticas por meio de nomeações”, argumenta.
“Com o capital político de mudança, de juventude que carrega, o Richa poderia ter posturas mais firmes nesse sentido, mas não as teve.”
Lepre diz ainda que a excelência na gestão do Paraná, mais do que uma opção, é uma necessidade se quiser mostrar um governo distinto do de Requião.
“As semelhanças com o Requião podem pesar contra ele numa tentativa de reeleição. Se continuar com essa lógica, que diferencial poderá mostrar na campanha?”, questiona.
13 de novembro de 2011
Só mudou a exterior,o interior continua na mesma.
13 de novembro de 2011
Não vejo semelhança nenhuma com Requião esse governava para o povo, já o BetoBoy governa para seu deslunbramento pessoal, ainda não caiu a fichinha ele se acha o rei da cocada preta e se considera blindado contra tudo e todos e cedo ou tarde a casa vai cair e dai não adianta chorar.