COLUNA DE AUGUSTO MAFUZ/PARANÁ ONLINE
Mário Petraglia nunca negou a sua proposta para construir a Arena da Baixada de acordo com os encargos da Fifa: o Atlético dispensa qualquer administração de terceiro (construtora) da obra, reduz para no máximo 180 milhões de reais e busca recursos usando o potencial construtivo cedido pelo município, e de outras fontes.
Há um mês a empreiteira OAS era a menina dos olhos. A proposta de Petraglia, e que se confundia com interesses próprios, era inviável. Agora que a OAS e a Triunfo oficializaram as propostas, entendo que só a de Mário Celso Petraglia não irá alienar o patrimônio do Atlético em beneficio de terceiros.
A proposta da OAS, que será feita na reunião de segunda-feira é a seguinte, e se ocorrer alguma mudança será em razão desta coluna. Ei-la, decomposta por letras:
A) Constitui-se uma Sociedade de Propósito Especifico que fica responsável pela construção do estádio e da sua exploração por 20 anos;
B) É feito um contrato de exploração de superfície, para explorar na Baixada bilheteria, sócios, publicidade nome do estádio, shows e qualquer fonte da qual se origine benefício financeiro;
C) A OAS garante para o Atlético 4,5 milhões de reais por ano por conta do que já construiu;
D) Do lucro líquido, fica 50% para a OAS e para o Atlético;
E) A OAS fica com o poder de administrar o estádio por 20 anos e o direito do Atlético é limitado a indicar conselheiros;
F) Atlético se obriga a participar com 30 milhões de reais durante os 20 meses de construção, desconsiderando o que gastou até agora para construir o estádio.
G) Atlético assina como responsável solidário à OAS, em possíveis empréstimos que serão tomados no mercado.
Analisando o objetivo do contrato, sob o ponto de vista jurídico, a proposta fere o princípio da boa fé.
Os conselheiros não deveriam nem ouvir essa proposta por contrariar todos os interesses do Atlético.
Embora, diga-se, seja a proposta de preferência do secretário da Copa.
A proposta da Construtora Triunfo é simples: só quer ser remunerada em 5% pela administração da obra, que orçou em 210 milhões de reais.
O Atlético seria responsável por tudo: teria que negociar no mercado o potencial construtivo e lhe entregar o dinheiro, buscar em outras fontes de renda o restante do custo, isentando a construtora de qualquer responsabilidade solidária.
A proposta parece honesta, mas deixa de ser interessante na medida em que transfere todo o risco para o Atlético.
E nunca foi essa a função social do contrato de construção da Baixada.
Sem fazer esforço, executando um trabalho que lhe é inerente ao seu objeto social, a construtora já começa com um lucro de 10,5 milhões de reais.
A proposta de Petráglia seria a única viável, desde que ele próprio a executasse.
Mas aí tem que se resolver as questões pessoais que, se serviam para estimular o Atlético, agora só estão atrapalhando.