Passageiros esperam o metrô na estação Gare du Nord, na capital francesa, apenas seis linhas estão funcionando parcialmente Foto: CHRISTIAN HARTMANN / REUTERSEsta greve é a primeira grande mobilização contra o plano de Macron de implementar um sistema de Previdência “universal”.Os funcionários do metrô de Paris, assim como os trabalhadores de outras atividades consideradas difíceis ou perigosas, perderiam os benefícios associados a seus regimes especiais, que atualmente permitem, por exemplo, a aposentadoria com mais cedo do que o restante da população.
O Tribunal de Contas calculou que a idade média para a aposentadoria daqueles que trabalham no sistema público de transportes da capital francesa em 2017 era 55 anos, enquanto o resto dos trabalhadores franceses se aposenta, em média, aos 63.
O benefício foi negociado há décadas pelos sindicatos para compensar as longas jornadas debaixo do solo.
— Esta não é uma greve de privilegiados, mas sim uma greve de trabalhadores que afirmam “queremos nos aposentar com uma idade razoável e em condições razoáveis” — disse Philippe Martinez, secretário-geral da CGT, uma das principais centrais sindicais da França, à rádio FranceInfo.
A reforma da Previdência é uma promessa de campanha de Macron, que se comprometeu a eliminar os 43 “regimes especiais” de aposentadoria e a criar um sistema “universal” com o uso de pontos, no qual “1 euro de contribuição concede os mesmos direitos” para todos os franceses.
A implementação deste modelo acabaria com regras mais vantajosas para profissionais de diversas áreas, como marinheiros e trabalhadores da Ópera de Paris.
Diante do projeto potencialmente explosivo, o governo diz que busca enfrentar a situação com calma. O plano do Palácio do Eliseu é que o Parlamento vote a medida no início do ano que vem.
— Levaremos todo o tempo necessário para abordar a reforma das aposentadorias, antes de uma votação prevista para 2020 — afirmou o primeiro-ministro Edouard Philippe.
A paralisação é a maior no setor de transportes de Paris desde 2007 , quando o ex-presidente Nicolas Sarkozy apresentou uma reforma previdenciária que aumentou a idade de aposentadoria da maioria dos funcionários públicos.
‘Soluções alternativas’
Devido à dimensão da greve, a Autoridade Autônoma de Transportes de Paris (RATP) pediu na quinta-feira aos moradores que saíssem de casa apenas em caso de extrema necessidade e anunciou ” soluções alternativas de mobilidade “, que incluem o uso gratuito limitado de motos ou bicicletas elétricas de livre serviço, subsídios a quem compartilhar o carro ou estacionamento pela metade do preço.
Dié Sokhonadu, 25 anos, esperou em vão em uma plataforma da linha 12, que atravessa Paris de norte a sul, mas nenhum trem da linha estava em circulação.
“Sem metrô, terei que voltar para casa”, disse o operário, que trabalha na reforma da catedral de Notre-Dame, no centro de Paris.
Para evitar o caos, muitos franceses optaram por trabalhar em casa.
“Não queria perder tempo tentando pegar o metrô, minha linha está fechada”, declarou à AFP Anne-Sophie Viger, executiva em uma empresa de seguros.