ISTOÉ/WILSON LIMA
Lula passou de todos os limites. Para manter uma candidatura ilegal, desrespeita a lei e ridiculariza magistrados
Quer desestabilizar as eleições, para justificar a iminente derrota nas urnas

Desde que foi condenado pelo Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4), em janeiro, Lula resolveu adotar como esporte predileto a afronta à Justiça.
Não bastasse o fato de ter transformado sua cela em escritório político, Lula decidiu estabelecer uma narrativa cujo propósito é distorcer a realidade.
Por decisão esmagadora do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por 6 a 1, na madrugada do sábado 1, Lula deixou de ser candidato à Presidência porque um condenado em tribunal colegiado de segunda instância, como é o caso do TRF-4, é considerado inelegível.
Por óbvio, o TSE determinou, então, a proibição de qualquer propaganda eleitoral que exponha Lula na condição de aspirante ao Planalto.
De Curitiba, porém, o petista mandou seu partido seguir com a galhofa.
A estratégia incomoda até mesmo alguns dirigentes petistas, a começar pelo fantoche escolhido pelo ex-presidente para representá-lo na chapa, Fernando Haddad.
O escárnio petista não tem limites.
Numa decisão que, em linhas gerais, ISTOÉ já antecipara na sua edição de 8 de agosto, o TSE deu um prazo de dez dias para que o PT apresentasse o substituto de Lula na chapa e ainda proibiu o petista de fazer propaganda como candidato, tanto nas ruas, como na propaganda do rádio e TV e nas redes sociais.
Mas o PT resolveu ir além, desrespeitando todas as decisões do TSE.
A Justiça Eleitoral já concedeu cinco liminares suspendendo propagandas do partido no rádio e na TV, inclusive com a aplicação de multa de R$ 500 mil a cada tentativa de manutenção do ilícito.
Apesar de tudo, porém, a tática do PT é a de manter a confusão até o dia 11 de setembro, data final determinada pela Justiça para a substituição de Lula por Haddad.
Ao invés de cumprir a lei e tirar Lula das propagandas, o PT fez apenas alguns ajustes nas peças publicitárias.
Um dos jingles da campanha foi alterado. A letra original da música utilizada na propaganda eleitoral dizia: “É Lula nos braços do povo”.
Essa frase foi substituída por “Lula é Haddad, é o povo”. Em outro trecho, houve a troca de “Chama que o homem dá jeito” para “Chama que o 13 dá jeito”.
Os programas, no entanto, seguem disseminando a ideia de que o candidato é Lula.
A estratégia petista é estruturada para atender unicamente os interesses pessoais de Lula, como se ele fosse o dono do partido.
Assim, vai mantendo até onde for possível o mantra de perseguido político.
Para isso, agarra-se novamente à farsa de que o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas pode salvar sua pele e se sobrepor à Justiça brasileira, impondo sua ilegal candidatura.
Em decisão na quinta-feira 6, o ministro do STF, Edson Fachin, negou pedido da defesa de Lula e manteve a inelegibilidade.
Dentro do STF, ministros criticam a postura do PT. Eles dizem que essa investida é insustentável, já que uma coisa é a simples recomendação da ONU, outra é a inexistência de força vinculante entre o sistema jurídico brasileiro e a posição da entidade.
Nos bastidores do TSE, ministros também classificam a manobra como “chicana jurídica”. Ministros ouvidos por ISTOÉ falam nos bastidores que o PT quer “desestabilizar” o processo eleitoral.
No início da semana, Haddad revelou, a pessoas próximas, estar inconformado.
Internamente, diz que o partido está perdendo tempo ao não fazer logo a substituição.
As pesquisas internas do PT apontam para a possibilidade de que cerca de 50% dos votos dados a Lula se revertam para ele.
O problema é que quanto mais Lula insiste nessa tática burlesca, menor é o tempo que Haddad terá para se viabilizar.
Até aí é um problema do partido e de seu poderoso chefão.
O que não é lícito é que um político prisioneiro provoque tamanho caos eleitoral a um mês do pleito.